Mais de 90% das pessoas que pretendem adotar uma
criança, não querem que ela seja negra. Esse dado é do juiz da Vara da
Infância e Adolescência de Florianópolis, Francisco Oliveira Neto, e
confirmado pela juíza da Vara da Infância e Adolescência da Serra,
Janete Pantaleão Alves. Oliveira Neto é coordenador da campanha Mude um
Destino, da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), lançada nesta
sexta-feira no Espírito Santo.
Veja aqui a matéria da TV Gazeta sobre o assunto
O juiz disse também que a maioria não quer adotar um adotar um grupo de
irmãos e que 60% dos casais interessados em adotar uma criança, querem
que ela tenha menos de um ano de idade. "Em torno de 60% só aceitam
crianças com no máximo um ano de idade. Cerca de 90% não aceitam um
grupo de irmãos, o que também é um grande problema, já que nós fazemos
um trabalho muito forte para não separá-las. E cerca de 90% só aceitam
crianças brancas", frisa o coordenador da campanha.
O principal objetivo da campanha Mude um Destino, é alertar para o
número de crianças abrigadas e debater a adoção, além de sensibilizar a
sociedade e mostrar que o processo não é burocrático e sim,
responsável. Além disso, o projeto visa a gerar mecanismos para que
todos possam ajudar a mudar o destino desses pequenos brasileiros. No
Brasil existem 80 mil crianças abrigadas esperando a adoção.
Francisco Oliveira lembrou que para mudar o destino de uma criança ela
necessariamente não precisa ser adotada. O juiz destacou que vários
abrigos estão esquecidos e que a sociedade precisa acordar para esse
fato.
"Os abrigos são um trabalho heróico realizado por algumas pessoas que
se dedicam a esse tipo de atividade extremamente difícil. A sociedade
tem que acordar para isso já que são crianças que não fazem rebeliões.
Se não quer adotar, não tem problema, mas pelo menos doar um dia de
trabalho para o abrigo. Ajudar de alguma forma".
A juíza da Vara da Infância e Adolescência da Serra, Janete Pantaleão
Alves, que participou do lançamento da campanha, e integra a Comissão
Estadual Judicial de Adoção (Ceja), defendeu a adoção também por parte
de homossexuais. "A criança precisa estar num lar, e esse precisa ser
digno para recebê-la. A opção sexual desse pai ou dessa mãe pouco vai
importar". Ela salientou que o mais importante desse debate é a
sociedade acordar para o fato do abandono das crianças, que culmina na
violência vivida hoje.
Para conhecer detalhes da campanha da AMB basta acessar o endereço
www.amb.com.br/mudeumdestino. Atualmente no Espírito Santo são 49
abrigos registrados, onde estão cerca de mil crianças e adolescentes.
Dessas, 28, com a idade de 0 a 12 anos, e 64, de 12 a 18 anos estão a
espera da adoção. As outras estão nos abrigos porque as famílias não
têm condições de mantê-las em casa. A Comissão Estadual Judicial de
Adoção tem 316 famílias brasileiras e 95 estrangeiras cadastradas e na
fila para adotarem um capixabinha.
Fonte: GAASP/Gazeta on line - 20/04/2007