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O GAASE não interfere em processos de adoção.

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O Globo: Adoção: o melhor presente para uma criança PDF Imprimir E-mail

Elba Ramalho em família: ela e marido Gaetano abraçam as duas 'filhas do coração' / Foto: Eunice Manhães

O Globo Online RIO - Quase 80 mil meninos e meninas, segundo a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), esperam hoje por adoção nos abrigos do país. Famosos como Madonna e Angelina Jolie levantam a bandeira. Por aqui, o casal Elba Ramalho e Gaetano Lopes saiu vitorioso de mais um processo de adoção neste ano. Eles já são pais de Maria Clara e Maria Esperança, duas "filhas do coração", como se diz. Mas muita gente, longe dos holofotes, também vem fazendo sua parte.

 

O problema da adoção se agrava quando as crianças têm mais de um ano de idade, são negras, têm irmãos na mesma situação ou apresentam algum problema de saúde. Segundo a advogada Roberta Avisato, 70% dos casais presentes no cadastro nacional dos Juizados da Infância e da Juventude procuram meninas brancas, de até seis meses. A especialista atua na área Trabalhista, mas começou a defender casos de adoção, por conta de uma experiência pessoal: ainda noiva, encantou-se com um menino num abrigo para menores e ganhou na Justiça o direito de protegê-lo. Ela conta que apenas 5% dos processos de adoção que ocorrem no estado de São Paulo são realizadas por pais que podem ter filhos, mas optam por acolher uma criança.


- O objetivo do estatuto da adoção é dar um lar a uma criança e não satisfazer as necessidades dos pais. No Brasil, essa percepção ainda é muito desvirtuada. A preferência por bebês leva, muitas vezes, a processos de adoção internacionais para meninos maiores. Em outros países, o preconceito é bem menor - revela.

 

Luã, filho natural de Elba Ramalho, fruto de seu casamento com o ator Maurício Mattar, já tinha 15 anos quando a mãe e o marido, Gaetano Lopes, optaram por lhe dar uma irmãzinha. Gaetano não podia ter filhos e Elba sempre quis adotar. Resultado: Maria Clara e, mais recentemente, Maria Esperança entraram para a família e, segundo a mãe, só trouxeram alegrias.

 

- Após alguns meses inscrita numa Vara da Infância e da Juventude no sul do país, sem qualquer resposta ou sinal de adoção, saímos em busca de nossa filha. Fui convidada a visitar um orfanato em São Paulo, a Associação Projeto de Incentivo à Vida (Pivi), e lá estava a Maria Clara, pequenina e frágil. Como não havia outros casais com disposição de adotá-la, recorremos ao juiz e ganhamos a causa.

 

Elba Ramalho conta que sentiu desde o primeiro momento, a emoção da maternidade e percebeu o quanto aquela criança precisaria de seu amor. Com Maria Esperança, não foi diferente: em casa desde fevereiro, segundo a cantora, ela reforçou os laços da família:

 

- Essa foi também uma experiência de crescimento: nos desprendemos do medo, do preconceito e oferecemos a quem necessita nosso amor, sem impor regras ou medidas. Assim nos sentimos úteis, além do evidente amadurecimento. Uma criança em casa é alegria certa, traz paz e pureza. Desejo a quem pensa em adoção que não freie seu desejo por insegurança, que não ouça os maus conselhos de vizinhos ou parentes e que não desista diante da burocracia da lei.

 

Um ato de amor e de cidadania
 

Se as mães biológicas têm nove meses para se preparar para a chegada do bebê, com as mães adotivas o tempo de espera é incerto e cheio de dúvidas. A psicóloga e professora da PUC-RS Iraci Argimon, orienta os casais a terem uma decisão bem amadurecida, antes de procurar uma criança:

 

- Enquanto houver dúvidas, converse. Se o diálogo entre o casal não for suficiente, procure um especialista. Isso é um respeito com eles mesmos e com a criança - alerta. - Ela não deve vir para segurar nenhum casamento: vai ter um papel tão importante quanto o de seus pais.

 

Em caso de crianças maiores, essa preocupação deve estar ainda mais presente:

 

- As crianças costumam se vincular de forma ainda mais forte por medo inconsciente de um novo abandono. Apenas uma relação bem madura entre mãe e filho pode equilibrar essa insegurança.

 

Mas às vezes o destino se encarrega de antecipar os fatos. Pediatra, Maria Noemi Mac Culloch, era solteira quando recebeu, no Hospital da Funabem, em que trabalhava, um bebê abandonado pelos pais que despertou sua compaixão. Ela entrou com o pedido de adoção e conseguiu a guarda de Pedro Ivo, que hoje tem 12 anos. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, homens e mulheres acima dos 18 anos podem adotar uma criança independentemente de seu estado civil.

 

- Desde a primeira vez que o peguei nos braços, senti que era meu filho. De repente, me vi invadida de um amor muito grande por aquela criança que nunca tinha visto. Minha capacidade de amar, de me dar cresceu muito. Sinto como se ele tivesse nascido mesmo de mim, é meu filho - resume Maria Noemi.

 
Uma família como tantas
 

A professora de História Narli Resende, mãe de José Antônio, foi adotada pelos pais e desde muito pequena conviveu bem com a noticia. Também ela escolheu formar uma família nos mesmos moldes da que a acolheu: quando descobriu que não poderia ter filhos, optou pela adoção. Desde bebê, Zé, como é chamado, apresenta problemas neurológicos, mas apenas recentemente sua origem foi diagnosticada. As crises e o sofrimento com a doença foram enfrentados como em qualquer família:

 

- Quando você tem um filho - natural ou não - não pode prever o que vai acontecer em sua vida. Hoje nossa luta é pela inclusão dos portadores de necessidades especiais, já que ainda existe muito preconceito contra os ditos diferentes. Mas o amor que recebemos é tão maravilhoso que acho que todos aqueles que podem deveriam experimentar a sensação de ter um rostinho alegre e feliz correndo e fazendo arte dentro de casa - diz Narli Resende.

 
Contar ou não a verdade?
 

Especialistas e mães que passaram pela experiência são unânimes: quanto mais cedo e mais naturalmente a adoção for revelada, menor é o sofrimento para a criança ou para o adolescente. Lúcia Dominguez, que trabalha como autônoma, é mãe de Mateus, de 13 anos, e João Marcos, de 8 anos. Ela conta que sempre conversou abertamente sobre o assunto em casa e isso fez com que os meninos encarassem situações inusitadas com mais espontaneidade.

 

- Uma vez vi o mais novo comentando com uma amiguinha: 'você pensa que eu sou daqui? Eu sou do Japão' - diverte-se, rindo da tentativa do filho de mostrar que tinha uma história diferente.

 

A psicóloga Iraci Argimon ensina que o assunto deve ser abordado com o mesmo cuidado com que se fala de sexualidade, por exemplo, com as crianças. As novidades devem ser dadas numa linguagem acessível, com dados que permitam o entendimento dos pequenos e tão logo a curiosidade comece a brotar.

 

- O ideal é não transformar isso num grande segredo. A criança pode pensar que, se não soube antes, é porque existe algo de feio, errado ou imoral na história. A melhor saída é aproveitar as oportunidades rotineiras. Quanto mais a situação for encarada como um fato da vida, menos problemas os filhos vão apresentar na adolescência, quando as reações são as mais inesperadas possíveis.

 

Lúcia teve duas experiências diversas de maternidade. Com João Marcos, conheceu o aperto de ter um recém-nascido dentro de casa. Já Mateus, que acolheu com três meses, teve uma infecção renal gravíssima ainda bebê e o período hospitalizado serviu para fortalecer ainda mais o vínculo entre mãe e filho.

 

- Para mim, aquela foi a prova maior de que mãe não é só a que gera. Meu amor, naquele momento, era sobrenatural. Hoje, não imagino minha vida sem eles - conta.

 
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